quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Apresentação da obra “A minha infância roubada” de Diaryatou Bah

A Infância de Diaryatou

A Diaryatou tinha 9 anos e desde sempre morava com a avó num país chamado Guiné Conacri porque a senhora não tinha ninguém para a acompanhar. A mãe morava com o marido numa cidade. Ela e a avó moravam (dentro da) na floresta onde cultivavam os produtos para vender na cidade.

Ela era uma menina muito feliz porque tinha alguns amigos da idade dela e ficava sempre perto da avó. A avó não a obrigava a fazer as coisas que ela não queria. A avó fazia colheitas de arroz e quando ia vender à cidade, deixava-a com a tia Amélia e quando regressava, encontrava-a sempre a chorar porque a tia lhe batia, fazia-lhe penteados que ela não queria. Então a avó despenteava-a e penteava-a de novo. A avó era a melhor amiga dela. A menina não tinha tanta proximidade com os pais porque eles não se viam há muito tempo e nem se lembrava muito deles.

A mãe e a avó estavam muito preocupadas porque todas as meninas da idade da Diaryatou já tinha sido excisadas, mas ela ainda não. Então um dia apareceu uma mulher na cidade e a menina pensou que era uma feiticeira, mas a avó já conhecia a mulher. Depois a avó disse-lhe para acompanharem a mulher. No caminho, a avó colocou-a deitada no chão e tapou a cara dela com a folha de uma planta e a mulher cortou-lhe clítoris. Ela começou a gritar e depois sentiu o sangue a escorrer pelas pernas e gritou! Ela pensou que a mulher tinha-lhe roubado alguma coisa. Quando regressou a casa encontrou muitas pessoas a bater palmas, mas ela não sabia porquê, perguntou à avó, e ela respondeu-lhe que tinha sido excisada. Por isso, recebeu muitas presentes e uma grande festa. A avó telefonou à mãe dela e contou que a menina já era excisada e ela ficou muito feliz, até ficou a bater os pés no chão.

A adolescêcia de Diaryatou

A adolescência dela passou-se na casa dos pais porque a avó estava doente, mas não era tratada como na casa da avó. Quando ela foi morar com os pais, não falava muito como as outras pessoas, só falava com a mãe, mas algumas vezes falava com o pai. Alguns meses depois, ela soube que a avó morreu. Passado algum tempo, ela já não se lembrava dela. A Diaryatou saia de casa todas as noites para ir à discoteca e chegava tarde, e nessas saída ela conheceu um rapaz que a trazia para casa quando era muito tarde. Quando ela chegou a casa, a mãe disse-lhe que agora estava comprometida com um homem, e por isso não podia sair de casa à noite. Quando soube a notícia, não contou que tinha conhecido um rapaz porque tinha medo que o pai a colocasse e à mãe fora de casa. Mas o pai não estava muito feliz com o casamento porque o marido já tinha quatro esposas e com ela eram cinco.

Pouco depois, soube que o rapaz que ela se tinha apaixonado, tinha viajado para a Holanda, então tinha que o esquecer. Passados uns meses, ela conheceu um homem que a pediu em casamento. Quando chegou a casa, contou-o à mãe, mas ela não acreditou e disse que aquele homem estava só a brincar. Noutro dia à noite, estava a falar com a mãe e o seu irmão mais novo disse que estava um homem no seu quarto e que queria falar com ela. A seguir, foi falar com ele, a mãe ouviu o homem a pedir a mão dela outra vez em casamento. Interrompeu a conversa e disse que ela ía dar resposta noutro dia. Depois a mãe foi falar com o marido, mas ele não concordou com o casamento porque o homem já tinha mulheres que chegassem. O homem divorciou-se da outra mulher para poder ficar com ela.

No dia do casamento, o marido não podia estar lá porque tinha que viajar para resolver um negócio, mas estava o seu primo no lugar dele. Quando já tinha acabado o casamento, a Diaryatou despediu-se dos pais, das amigas, dos irmãos e de toda a sua vizinhança e viajou para França. Quando a Diaryatou e o primo do marido chegaram a França eles não sabiam falar francês, nem para onde ir, mas seguiram as setas e logo ela viu um homem que estava a procurar alguém. A recém casada não o conhecia, mas quando o primo dele o viu disse que aquele homem era o seu marido.

Quando eles chegaram a casa, o marido mandou-os irem tomar banho para poderem descansar porque a viagem tinha sido longa. De seguida, o marido disse para a mulher pegar no telemóvel e telefonar aos pais porque deviam estar preocupados. A casa era pequena mas o primo dele ficou lá até encontrar casa para morar. Passado algum tempo, o primo dele saiu de casa e eles ficaram sozinhos. Quando anoiteceu, o marido tocou-lhe e ela disse o que é que ele queria, o marido pediu para ela pôr o vestido de casamento. Ela não percebeu porque precisava de vestir o vestido de casamento se ía dormir, mas o marido obrigou-a a vestir e ela começou a ficar com medo do marido.

Podemos dizer que a partir do casamento a vida dela tornou-se um inferno porque o marido abusava dela todos os dias, obrigava-a a fazer coisas que ela não queria, não a deixava falar com ninguém e nem sair de casa para conhecer novos lugares e principalmente aprender a falar. Depois de ter engravidado pela primeira vez, engravidou mais duas vezes. Da primeira vez perdeu o bebé, da segunda vez perdeu-o com quase nove meses, e da última vez, nasceu morto. E ela ficou tão triste que emagreceu porque não comia, não saia de casa e só estava deitada, mas o marido continuava com um bom aspecto, viajava para outros países e nem dava atenção.

Até que um dia ela deixou o marido e foi ter com uma amiga, ela disse para se legalizar e pedir ajuda. Mas ela ficou com medo, disse que nunca enganou o marido, e a amiga insistiu que ela tinha que tirar os documentos porque o marido nem parecia que estava preocupado com ela. Quando ela foi para casa, ficou a pensar, até que resolveu ir tirar os documentos. No dia seguinte de manhã, ela foi à polícia denunciar o marido, mas o polícia disse que ela tinha que ter um advogado para poder provar a denúncia. Mas ela só tinha cinquenta euros porque deu todo o dinheiro que ganhava no trabalho às outras mulheres do marido. Então, ela resolveu tirar primeiro os documentos e depois ir á polícia. Quando foi tirar os documentos, a senhora que a atendeu disse que ela tinha que trazer a certidão de nascimento para provar que tinha dezasseis anos. No caminho para casa, ela telefonou á mãe e pediu para mandar a certidão de nascimento pelo marido. E quando o marido chegou de viagem deu-lhe os documentos, e ela guardou o mais rápido que pôde. De manha, ela foi SEF entregar os papéis para provar que tinha dezasseis anos. Chegou a casa, o marido perguntou onde é que ela tinha ido, mas ela nem ligou e o marido bateu-lhe, e ela afirmou que podia bater porque ia ser a última vez.

Quando ela terminou de tirar todos os papéis, ficou tão contente que chegou a casa, o marido deu-lhe uma bofetada na cara, mas ela ficou a rir e disse que durante a sua ausência ela contou a todo que ele a obrigava a mentir e que também lhe batia, e que até contou aos policiais. Terminou de falar tudo, ela saiu de casa, mas não tinha para onde ir, por isso foi para o SEF pedir ajuda, um lugar para ficar e também comida para comer. A mulher levou-a a um abrigo, mas não por muito tempo. Pouco depois, essa mulher colocou-a numa escola e também a trabalhar. Passados alguns meses, ela ficou a trabalhar na ajuda aos pobres.

Nélida Silva – 9ºH

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